Um teatro com migrantes e refugiados sobre partir, chegar, esperar e construir!
Une Histoire Bizarre é a história da Salomé, do Ali, da Huwaida, da Lana, da Bushra, do Sillah e de tantos outros. Todas elas são histórias bizarras que têm aqui um palco. Une Histoire Bizarre é uma história de esperas e de silêncios, de reencontros que tardam, mesmo depois de se chegar a porto seguro. Une Histoire Bizarre é sobre desentendimentos, da intransponível barreira da língua quando se chega, à solidão de quem vem apenas com uma mochila às costas. É também um quadro pontilhado de memórias, de imagens e de esquizos de 9 países, 9 culturas e 9 realidades diferentes. Une Histoire Bizarre é uma história de sonhos, de pessoas como nós que chegaram para poder continuar a sonhar, é uma história de esboços por colorir. Une Histoire Bizarre é a vida de pessoas. Não das suas tragédias, das suas tristezas e das suas viagens mas de pessoas que viajam além do seu passado e que crescem num país novo. Une Histoire Bizarre é a vida toda em palco, o nascimento, a fuga, o reencontro, a reconstrução, a vida e revida. Une Histoire Bizarre é uma história, acima de tudo, de esperança e de uma enorme vontade de viver.
Através da voz de 15 pessoas refugiadas e migrantes atualmente residentes em Portugal e 4 atores portugueses, Une Histoire Bizarre é o relato do que é viver-se cá, com a vida toda às costas. E é um relato genuíno, honesto e verdadeiro, por ser contado na língua original de cada um. Em palco, várias línguas diferentes mas só uma linguagem: o corpo e o silêncio. Ao público resta captar, entre gestos, pausas, canções, traduções pontuais e movimentos, a vida dos que lá estão. Ao longo do espetáculo, numa história escrita pelos atores ao longo dos ensaios, conta-se como é partir, como se viaja, o que é chegar e recomeçar. E conta-se como nós ouvimos e percebemos tudo isto, como os recebemos, como reagimos e como sentimos o querer ser do mundo e não ser de lado nenhum.
Conta-se esta história bizarra, de uma forma bizarra, em línguas bizarras, para que na bizarria o espectador se questione, vista a pele dos que estão no palco, e pense que ali podíamos estar nós. Uma peça para combater a indiferença, para dar voz a todos, um pequeno grito do Ipiranga mas ao mesmo tempo uma extraordinária demonstração de amor, partilha e interajuda de um grupo de 20 pessoas que constroem, juntos, uma história original contada pelo meio que mais nos questiona, mais impulsiona, mais nos toca e nos move: o teatro.
*Este projeto teve início a janeiro de 2021 e terminou em dezembro 2022.